Julgamento (Gilberto)

[Gilberto SMelo]

Estamos sempre armados, sempre alerta quanto a fatos novos. A nossa arma única e infalível é o julgamento. A diversidade das pessoas e a subjetividade da natureza nos assustam, fazendo-nos disparar o julgamento impulsivamente. Submetemos tudo ao nosso crivo, ao crivo dos doutos julgadores que nos consideramos.
O julgamento é a atribuição dos perfeitos. E, em sendo perfeitos, o julgamento perde o significado, pois quem é perfeito prevalece não pelo julgamento dos outros e sim pela sua própria perfeição.
No nosso plano, onde a busca da perfeição parece interminável, nos arvoramos em julgar tudo e todos. Quase que inevitavelmente julgamos os outros em contraste com o nosso padrão pessoal, desrespeitando cruelmente a individualidade, o aqui e agora de cada um. Estamos acostumados a repetir mecanismos mesquinhos no julgamento dos outros, como:
. Julgar para não ser julgado
. Projetar nos outros erros ou defeitos próprios
. Julgar de chofre sem avaliar as circunstâncias
. Nivelar os outros por baixo para justificar a própria imperfeição
. Às vezes até odiar, para não se permitir ser aceito e amado
O caminho dos justos e perfeitos é a tolerância, pois o julgamento não os faz mais perfeitos. Seguimos na direção da perfeição galgando os degraus de uma escada mística, e não fazendo nossos semelhantes de degraus de uma escada egoísta e materialista.