Familia Basilio e Melo

"Seu" Negrinho era um sapateiro que morava na Rua Tebas, uns três quarteirões da nossa casa na Rua Leopoldo Gomes. Ele era amigo da família, um negro de barbas brancas de uns 50/60 anos, muito atencioso com as pessoas em geral e tinha um carinho especial comigo. O que me marcou mais foi que algumas vezes ele me levava até o “armazém” ou um bar e me perguntava o que eu queria, se balas, doce, refrigerante, etc., ele tentava de todas as formas que eu emitisse uma palavra pelo menos, mas não acontecia, eu permanecia "mudo e calado". Eu era uma criança muito tímida, muito contida e nem com toda esta gentileza eu conseguia falar uma palavra com o “Seu” Negrinho, nem que fosse para escolher o que eu queria comer ou beber. Quando eu conseguia vencer a timidez, erguia o braço e apontava para o que eu queria. Aliás, eu nem me lembro se eu conseguia dizer obrigado ao "Seu" Negrinho.