Da primeira azeitona a gente nunca se esquece (Gilberto)

Quando das Bodas de Ouro de João Basilio e Alice Maria tivemos a agradável surpresa de conhecermos pequenas histórias da infância de seus filhos. Agora abrimos este novo espaço para novas historietas como aquelas. Estimulamos os irmãos a contribuírem, como já fez o Geraldo.
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Gilberto Melo
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Da primeira azeitona a gente nunca se esquece (Gilberto)

Mensagem por Gilberto Melo »

Aos sete anos de idade toda distância parece longa. Eu caminhava pela rua Leopoldo Gomes, cruzava a Carmo da Mata e a Arcos, virava a Conde D’Eu à esquerda e descia por dois quarteirões e meio, passando pela Tebas e Astolfo Dutra, nossa, parecia uns cinco quilômetros. Na frente da escola estava o vendedor de quebra-queixo, uma delícia que eu só podia comer de vez em quando, sentir aquela dor no queixo de tanta força que tinha que fazer para mastigar. Mas no caminho, na esquina da Leopoldo Gomes com Conde D’Eu, havia um bar com um enorme vidro cheio de azeitonas verdes e graúdas.

Eu às vezes observava os adultos pegando as azeitonas com os dedos e parece que se deliciando em mordê-las e depois jogando fora o caroço. Demorou até que eu tivesse uma nota de dois cruzeiros para investir neste sonho gastronômico que eu nem sabia quanto custava. Entreguei os dois cruzeiros, apontei para o vidro de azeitonas e me deram quatro azeitonas em um pedaço de papel pardo. Nos meus primeiros passos após sair do bar agarrei a primeira azeitona e coloquei na boca: Achei azeda demais, doeram os cantos da boca. Mas, já que estava na boca, mordi! Mais caldo azedo na boca. Joguei fora imediatamente a que estava na boca e as outras três, meu rico e raro dinheirinho jogado fora...

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