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Os três crivos (Autor desconhecido?)

Enviado: Sáb 28 Mai 2005 2:45 am
por Gilberto SMelo
Certa feita, um homem esbaforido achegou-se ao grande filósofo e sussurou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, Sócrates... Na condição de teu amigo, tenho alguma coisa de muito grave para dizer-te, em particular...
- Espera!... -ajuntou o sábio, prudente. - Já passaste o que me vais dizer, pelos três crivos?
-Três crivos? - perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu caro, três crivos. Observemos se a tua confidência passou por eles. O primeiro, é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto aquilo que me pretendes comunicar?
- Bem, ponderou o interlocutor - assegurar, mesmo, não posso... Mas ouvi dizer e ... então...
-Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não ... Muito pelo contrário...
-Ah! - tornou o sábio - então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... - aduziu o visitante ainda mais agitado . - Útil não é ...
- Bem - rematou o filósofo num sorriso -, se o que me tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que de nada valem casos sem qualquer edificação para nós...
Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questões de maledicência.
Se pudermos aplicá-la, creio que teremos ganho tempo e recursos preciosos para rearticular o serviço, refazer a paz, realizar o melhor e seguir adiante.