Mamãe e eu, Baianinho e meus lindos cabelos (Geraldo)
Enviado: Dom 13 Jan 2008 11:11 pm
Em nossa versão mais atual da casa no bairro Vera Cruz, tínhamos duas formas de acesso, depois da varanda frontal: uma era a porta da sala; outra era um portão lateral que abria para um corredor, por onde chegávamos à porta da copa, ou subíamos para um grande quarto construído debaixo da caixa d´água, ou descíamos para um outro quarto extra, o fogão à lenha e outro banheiro.
Acredito que já – e ainda – adorava a vida, adorava meus pais e irmãos... Tudo para mim era muito bom! Meu relacionamento com mamãe, então, era indescritível. Eu era um ótimo menino. Muitas pessoas achavam que não, só porque eu gostava muito de “atentar” a um ou outro desavisado ou impaciente. E mamãe é que estava sempre mais presente, então...
Numa época, resolvi deixar meus cabelos crescerem. Viraram uma bola de cachos, como um urso de desenho animado, mas eu gostava, pô... Posei para fotos para exibir aquela coisa horrorosa, inclusive com uma camisa de malha verde colada ao corpo, saldo de moda que o Tilila encostara. Alguém deve ter fotos minhas agachado em cima do muro, ostentando a vasta cabeleira – que mamãe chamava de “gafuringa”, todo me achando...
Perto do córrego do Hospital da Baleia que, à época, ainda corria a céu aberto, havia a barbearia do Baianinho, único e muito procurado na região, menos por mim...
Num dia, mamãe “encasquetou”:
- Filho, vai no Baianinho...!!!
- Vô não, mamãe. E batia no bumbum dela, saindo correndo em seguida, rindo, dando voltas entre a porta da sala e o portão lateral, fugindo da corrida da mamãe, no meu encalço...
No dia seguinte, tudo se repetia, e eu continuava com a “escultura” na cabeça, e o sentimento de superioridade em relação à dificuldade que mamãe tinha de me alcançar...
Num dia caiu o barraco. Mamãe, com uma cara meio irônica repetiu:
- Filho, vai no Baianinho... !!!
- Vô não, mamãe. Dei o tradicional tapa na bunda dela, saí em incontida carreira pela porta da sala, driblei a mamãe no quintal frontal da casa, voltei pela mesma porta, calculando sair pelo portão lateral e me livrar, como sempre, até que ela se cansasse.
Pobre adolescente... Mamãe calculara tudo: antes do pedido, havia vestido um avental azul – ainda me lembro -, colocado uma tesoura no bolso direito e trancado o tal do portão lateral... Quando cheguei a ele e o vi trancado, não tive alternativa senão agachar, tentando proteger a “obra” com as mãos. Mamãe, com a mão esquerda conseguiu segurar meus cabelos, e com a direita, fez uso do macabro instrumento, arrancando um chumaço enorme do meu orgulho. Passei a mão pelos cabelos, vi que faltavam uns vinte e cinco por cento dos pelos, bem no alto da cabeça. Confesso que pensei em chorar, mas não houve tempo: mamãe tornou:
- Filho, vai no Baianinho... !!!
- Vô sim, mamãe...
E fui, né ... ???
Acredito que já – e ainda – adorava a vida, adorava meus pais e irmãos... Tudo para mim era muito bom! Meu relacionamento com mamãe, então, era indescritível. Eu era um ótimo menino. Muitas pessoas achavam que não, só porque eu gostava muito de “atentar” a um ou outro desavisado ou impaciente. E mamãe é que estava sempre mais presente, então...
Numa época, resolvi deixar meus cabelos crescerem. Viraram uma bola de cachos, como um urso de desenho animado, mas eu gostava, pô... Posei para fotos para exibir aquela coisa horrorosa, inclusive com uma camisa de malha verde colada ao corpo, saldo de moda que o Tilila encostara. Alguém deve ter fotos minhas agachado em cima do muro, ostentando a vasta cabeleira – que mamãe chamava de “gafuringa”, todo me achando...
Perto do córrego do Hospital da Baleia que, à época, ainda corria a céu aberto, havia a barbearia do Baianinho, único e muito procurado na região, menos por mim...
Num dia, mamãe “encasquetou”:
- Filho, vai no Baianinho...!!!
- Vô não, mamãe. E batia no bumbum dela, saindo correndo em seguida, rindo, dando voltas entre a porta da sala e o portão lateral, fugindo da corrida da mamãe, no meu encalço...
No dia seguinte, tudo se repetia, e eu continuava com a “escultura” na cabeça, e o sentimento de superioridade em relação à dificuldade que mamãe tinha de me alcançar...
Num dia caiu o barraco. Mamãe, com uma cara meio irônica repetiu:
- Filho, vai no Baianinho... !!!
- Vô não, mamãe. Dei o tradicional tapa na bunda dela, saí em incontida carreira pela porta da sala, driblei a mamãe no quintal frontal da casa, voltei pela mesma porta, calculando sair pelo portão lateral e me livrar, como sempre, até que ela se cansasse.
Pobre adolescente... Mamãe calculara tudo: antes do pedido, havia vestido um avental azul – ainda me lembro -, colocado uma tesoura no bolso direito e trancado o tal do portão lateral... Quando cheguei a ele e o vi trancado, não tive alternativa senão agachar, tentando proteger a “obra” com as mãos. Mamãe, com a mão esquerda conseguiu segurar meus cabelos, e com a direita, fez uso do macabro instrumento, arrancando um chumaço enorme do meu orgulho. Passei a mão pelos cabelos, vi que faltavam uns vinte e cinco por cento dos pelos, bem no alto da cabeça. Confesso que pensei em chorar, mas não houve tempo: mamãe tornou:
- Filho, vai no Baianinho... !!!
- Vô sim, mamãe...
E fui, né ... ???