Mamãe trocava garrafas por pintinhos... (Gilvan)
Enviado: Sáb 28 Mai 2005 1:06 am
Eu tinha uns sete anos de idade. Naquela época, mamãe trocava garrafas por pintinhos, criava-os, ou pelo menos tentava, para servirem como alimento mais tarde.
Digo tentava porque eles serviam como brinquedo para mim. Eu os jogava para cima, passava meus carrinhos por cima, punha-os em cima de uma bola para ver o que acontecia, etc. Obviamente, eu os tratava com o máximo de cuidado porque eram meu brinquedo favorito, mas isso não era suficiente. Virava e mexia eu tinha que fazer uma cerimônia fúnebre e enterrar um ou outro no cemitério de costume - lote da Dona Naná. Mamãe falava que não ia trocar mais garrafas por pintinhos porque eles eram muito fracos, não viviam nada, e o guisado nunca que acontecia...
Num belo dia, percebi que só restava um, o mais forte de todos, e portanto, resolvi tratá-lo de forma diferenciada. Eu corria atrás dele pela casa inteira até ele se cansar. Era gostoso porque nós dois nos exercitávamos muito e ele estava cada vez mais forte. Papai disse:
- É, Alice, pelo menos um se salvou. Daqui a uns dias temos um frango criado em casa para comer.
Nesse mesmo dia, durante a corrida matinal, estávamos fazendo o percurso: terreiro, rampa, quartos de baixo (do Gilmar, Gaspar e Giovani), quarto de cima (do Lila e Gilberto), copa, sala e terreiro de novo. Quando chegamos no quarto de baixo, vi um fogaréu danado. O franguinho, muito bobo, se enfiou exatamente debaixo da cama que estava pegando fogo. Eu não sabia se pegava água ou se salvava meu companheiro. Chamei papai e mamãe, e enquanto eles jogavam água eu me deitava no chão para socorrê-lo. Quando o vi, me deu um nó na garganta, e de forma solene coloquei-o em sua cama (uma caixeta de sapato) e rezei chorando. Meu companheiro foi enterrado junto aos seus irmãozinhos, mas desta vez, meu coração doía...
Digo tentava porque eles serviam como brinquedo para mim. Eu os jogava para cima, passava meus carrinhos por cima, punha-os em cima de uma bola para ver o que acontecia, etc. Obviamente, eu os tratava com o máximo de cuidado porque eram meu brinquedo favorito, mas isso não era suficiente. Virava e mexia eu tinha que fazer uma cerimônia fúnebre e enterrar um ou outro no cemitério de costume - lote da Dona Naná. Mamãe falava que não ia trocar mais garrafas por pintinhos porque eles eram muito fracos, não viviam nada, e o guisado nunca que acontecia...
Num belo dia, percebi que só restava um, o mais forte de todos, e portanto, resolvi tratá-lo de forma diferenciada. Eu corria atrás dele pela casa inteira até ele se cansar. Era gostoso porque nós dois nos exercitávamos muito e ele estava cada vez mais forte. Papai disse:
- É, Alice, pelo menos um se salvou. Daqui a uns dias temos um frango criado em casa para comer.
Nesse mesmo dia, durante a corrida matinal, estávamos fazendo o percurso: terreiro, rampa, quartos de baixo (do Gilmar, Gaspar e Giovani), quarto de cima (do Lila e Gilberto), copa, sala e terreiro de novo. Quando chegamos no quarto de baixo, vi um fogaréu danado. O franguinho, muito bobo, se enfiou exatamente debaixo da cama que estava pegando fogo. Eu não sabia se pegava água ou se salvava meu companheiro. Chamei papai e mamãe, e enquanto eles jogavam água eu me deitava no chão para socorrê-lo. Quando o vi, me deu um nó na garganta, e de forma solene coloquei-o em sua cama (uma caixeta de sapato) e rezei chorando. Meu companheiro foi enterrado junto aos seus irmãozinhos, mas desta vez, meu coração doía...